Apresentação |
O trabalho continuado com professores, acompanhado de investigações, vem mostrando a importância de desenvolver ações sistemáticas, subsidiadas por bons materiais didático-pedagógicos, para a formação docente. A estruturação e desenvolvimento, mais recente, de Situações de Estudo (SEs), constitui uma forma com bom potencial para redirecionar a formação de professores de Ciências da escolarização básica, uma vez que proporciona aos docentes trabalharem em equipes, de forma interdisciplinar, e abre espaços para reflexões, discussões em torno do que ensinar, como ensinar e para que ensinar.
Há a intenção de compartilhar experiências e conhecimentos com os professores, em formação inicial e continuada, para que possam conduzir o processo de forma sistemática e proveitosa para todos os participantes e selecionar conteúdos de Biologia, de Física, de Química e, inclusive, de Geologia e de Geografia. Não só, porém, conteúdos de conceitos, mas também de procedimentos, atitudes e valores. As habilidades a serem desenvolvidas compreendem a produção de textos, atividades de comparar, de diferenciar, de argumentar, de ser e conviver.
Uma vez que os alunos convivem com variados meios de comunicação, é necessário criar as condições para que possam desenvolver a capacidade de acessar as diferentes formas do conhecimento, também em termos de valores, entre eles a responsabilidade, a cooperação, a iniciativa e a autonomia. A participação ativa dos alunos no processo deve contribuir para isso, posto que todos têm conhecimentos a serem compartilhados. É de fundamental importância a fala, a expressão e a convicção de cada um, para que se possa tornar as aulas mais significativas para todos.
Uma SE consiste de uma modalidade didática, uma forma de organizar o conhecimento para superar a abordagem linear e fragmentada dos conteúdos. Por meio de negociações, a partir do contexto, busca-se eleger os conceitos mais representativos de cada componente curricular para daí tratar da significação dos conceitos (saber o nível conceitual atingido). Isso requer ações colaborativas, em que cada um assume a tarefa de participar, estudar, contribuir na elaboração e na construção de uma proposta pedagógica. A participação ativa de cada um no processo leva todos a compreenderem que não vale a pena ficar esperando pelas coisas prontas, pois uma SE não aceita seqüências pré-planejadas fixas, cristalizadas, de conteúdos a serem repassados.
Pode-se pensar em mapas e marcos da aprendizagem possíveis de se observar, percorrer e perseguir para trabalhar a programação dos conteúdos pretendidos para o Ensino Fundamental. A dinâmica das aulas pode contemplar três momentos básicos e inter-relacionados. O primeiro é o momento da problematização, que tem por objetivo fazer com que o aluno fale, exponha suas experiências, suas idéias. É um momento especial e fundamental, quando o aluno é convidado a falar, a se expor, a interagir, de modo a explicitar as vivências e os conhecimentos que já possui sobre o tema em foco. No segundo momento existe a oportunidade de aprofundar os conhecimentos identificados na situação, que são os conceitos, os procedimentos, as atitudes e valores, com a mediação que esta idéia requer. No terceiro momento deve ocorrer a sistematização dos conhecimentos pelos alunos, de modo a expressarem sua aprendizagem.
Na escola, depois do desenvolvimento de uma SE, sempre deve haver um trabalho coletivo de uma classe, juntamente com o professor, uma retomada do que foi abordado para saber quais os objetivos alcançados, em que direções foram os debates, qual o nível de aprendizagem atingido. O trabalho coletivo pode acontecer na forma de produção de textos, de exposições, de montagens, uma série de atividades que os estimule a mostrar o que foi feito e o que aprenderam, o que tende a revelar os seus avanços. O entusiasmo e o grau de envolvimento e de colaboração, também, são fatores essenciais nessa etapa do processo. Isto precisa ser feito sem dúvida nenhuma.
O registro das aulas (em forma de relatos ou “memória de aula”, com todos os detalhes, inclusive com complementações, com o acompanhamento de professores), por pequenos grupos de alunos (um grupo em cada aula), passa a assumir um importante papel no processo. Inclusive, podem auxiliar o professor, em seus registros pessoais, a elaborar seu relatório sobre o desenvolvimento da referida SE.
Enquanto seres que convivem num ambiente natural, social, tecnológico e cultural, interagem com uma variedade de coisas tanto naturais quanto artificiais: se comunicam com os outros, utilizam ferramentas para ampliar as percepções e interações. Não estão, portanto, isolados do ambiente nem são somente agentes, mas interagem e o percebem juntamente com os demais seres vivos.
Na Situação de Estudo “Ser humano e ambiente: percepção e interação”, volta-se o foco do estudo para os cinco sentidos, tendo a preocupação em trazer para o contexto conceitos básicos de Biologia, Física e Química, organizados nos quatro eixos temáticos, além dos temas transversais indicados nos PCN-CN. Constitui-se, assim, um roteiro básico de ações a partir do qual o professor, juntamente com seus alunos, poderá derivar outros estudos.
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