O metabolismo dos microrganismos está diretamente relacionado ao fator energético. Além de utilizar energia para seu ciclo vital, eles também liberam energia aumentando a temperatura da compostagem. Isso é um fator favorável à destruição de microrganismos patogênicos, sementes de ervas invasoras, ovos de parasitas e larvas.

A proliferação e a atividade microbiana promovem o aumento da temperatura que pode atingir 65ºC, considerado o pico ideal numa compostagem de maiores proporções. Numa compostagem com pequena quantidade de resíduos, dificilmente essa temperatura será atingida.

O monitoramento da temperatura permite detectar fases diferentes da degradação do material da compostagem, a qual é mais intensa em temperaturas mais elevadas, devido à maior atividade microbiana. Cada faixa de temperatura é mais adequada para a proliferação de determinada população de microrganismos os quais podem ser classificados em:

- criófilos – bactérias e fungos ativos em temperaturas até 10ºC;

- mesófilos – bactérias, fungos e actinomicetos ativos em temperaturas de 10°C a 45ºC;

- termófilos – bactérias e actinomicetos ativos em temperaturas de 45°C a 60ºC;

- hipertermófilos – bactérias ativas em temperaturas acima de 60º C.

            No monitoramento da compostagem detectamos facilmente faixas de temperaturas apropriadas para a atividade mesofílica e termofílica, além da faixa

de estabilização e maturação quando o material permanece em temperatura ambiente.

            É necessário controlar as condições para que essas fases aconteçam, garantindo a boa qualidade do processo. Nos primeiros dias deve predominar a atividade mesofílica e termofílica. O composto é considerado pronto quando a temperatura estabilizar.

A temperatura pode ser verificada utilizando-se termômetro, como dissemos acima, mas também pode-se obter um valor aproximado, com o auxílio de uma barra de ferro introduzida no composto. Essa barra deverá ser deixada ao longo do processo e, após aproximadamente cinco horas iniciais, a variação da temperatura pode ser verificada ao retirar-se a barra e tentar segurá-la firmemente com a mão. A sensação térmica permite uma noção aproximada da temperatura.

 

            Na compostagem prevalecem os organismos aeróbicos ou facultativos e os mesófilos e termófilos.

            Os fungos são, em geral, aeróbicos obrigatórios, preferem meios mais ácidos, mas também adaptam-se bem aos meios alcalinos.

            Os actinomicetos são microrganismos filamentosos e podem reproduzir-se em ambientes com baixos teores de umidade e altas temperaturas.

 c) VARIAÇÃO DO pH

 O pH é uma medida de maior ou menor acidez de um sistema. Sabe-se que o pH abaixo de 7,0 indica meio ácido, que será mais intenso quanto mais se aproximar de 1,0; já o pH maior que 7,0 indica meio básico, que será intenso quanto mais se aproximar de 14,0.

A medida do pH é feita com base na mudança de cor de um papel preparado para esse fim, chamado papel indicador de pH, ou por um aparelho chamado pHmetro (peagâmetro). 

Se a escola não dispuser desses recursos pode-se preparar soluções para a mesma finalidade, como a que foi mostrada na Revisa Química Nova na Escola, nº 1, maio/95, nas páginas 32-35, por nós adaptada e descrita abaixo:

Extrato de Repolho Roxo como Indicador Universal de pH

Corte um repolho roxo, de tamanho médio, em pedaços pequenos e coloque-os em béquer com água destilada até cobri-los. Ferva até que a água seja reduzida à metade do volume inicial. Com o auxílio de uma peneira coe a solução obtida. O extrato de repolho roxo, deve ser colocado em vários recipientes (pode ser de plástico) e congelado, pois se decompõe com o tempo. Como a verificação do pH deve ser realizada aproximadamente duas vezes por semana, descongelar um frasco de cada vez (aproximadamente 50 ml).

 Preparação da Escala Padrão

 Em frascos transparentes e com capacidade de, no mínimo, 20 ml, prepare as soluções de escala padrão, conforme indicado em tabela abaixo e rotule os frascos com os valores de pH aproximados. As soluções não podem ser guardadas, devendo ser preparadas na hora.

 

SOLUÇÃO

PREPARO

VALOR DE pH (aproximado)

1

5 ml de ácido clorídrico diluído (1ml de ácido concentrado em 100 ml de água destilada) + 5 ml de extrato de repolho roxo

 

1

2

5 ml de água destilada + 5 gotas de

vinagre branco + 5 ml de extrato de repolho roxo

 

3

3

5 ml de álcool + 5 ml de extrato de repolho roxo

 

5

4

5 ml de água destilada + 5 ml de extrato de repolho roxo

 

6

5

5 ml de água destilada + 1 gota de detergente com amoníaco + 5 ml de extrato de repolho roxo

 

9

6

5 ml de água destilada + 5 gotas de detergente com amoníaco + 5 ml de extrato de repolho roxo

 

11

7

5 ml de solução diluída de hidróxido de sódio (1 pastilha de hidróxido de sódio - soda cáustica - em 100 ml de água destilada) + 5 ml de extrato de repolho roxo

12

Podem ser usados lápis de cor para fazer uma escala durável em papel, tal como as que existem nos rótulos de papéis indicadores universais, que poderá ser usada em vários experimentos, sem a necessidade de preparar novamente as soluções da escala padrão.

 A medida de pH será efetuada após revolver o material, devendo, para isso, coletar meio copo de material ao qual se acrescenta água destilada até encher o copo. Misturar bem com bastão de vidro ou colher durante alguns minutos (aproximadamente dez minutos). Deixar em repouso por cinco minutos, filtrar o sobrenadante e medir o pH com papel indicador, peagâmetro ou solução indicada.

Para verificar o pH, utilizando a solução de repolho roxo, usar um frasco transparente e colocar 5 ml de água destilada, 5 ml de extrato de repolho roxo e adicionar 5 gotas de solução obtida da diluição do lixo. Mexer bem e comparar a cor com a escala padrão.

O acompanhamento do pH não precisa ser visto como obrigatório pelas dificuldades práticas. É importante apenas saber que o pH varia no processo de compostagem em uma faixa de 4,5 a 9,5, conforme Pereira Neto (1996). Os valores encontrados pela nossa equipe foram de 5,0 a 8,0. Isso é indicativo suficiente para formar a idéia de mudança de pH, isto é, que no processo de compostagem passamos de um sistema bastante ácido para um sistema levemente básico de alcalino.

d) TEOR DE UMIDADE

 Sugerimos duas formas diferentes de monitorar e controlar a umidade do processo:

 a) Uma forma mais sofisticada de acompanhar o teor de umidade consiste em:

1. pesar um cadinho limpo e previamente seco;

2. pesar 10 gramas da amostra de lixo triturada, dentro do cadinho;

3. colocar o cadinho na estufa pré-aquecida a 105ºC (deixar na estufa durante 4 horas);

4. retirar da estufa e deixar em ambiente seco até atingir a temperatura ambiente;

5. pesar o cadinho com a amostra seca;

6. calcular a porcentagem de água.

Obs.: o teor de umidade deve manter-se em torno de 55%.

b) Uma forma prática de avaliar a umidade do composto é apertar uma pequena porção na mão. Quando o material está excessivamente úmido, a água escorre entre os dedos, mas quando está seco demais a palma da mão permanece seca. O ideal é que apenas pequenas gotas de água surjam entre os dedos, o que corresponde a um teor de umidade próximo a 50%.

Obs.: deve-se usar luvas ou outra proteção para a mão.

 Se o material estiver excessivamente úmido, acrescentar um pouco de terra ou material palhoso seco. Se estiver muito seco, regar com água.