MODELOS Experimentais DE BIODIGESTORES

 

           No início dos anos 80, foram instalados, de forma experimental, diversos biodigestores no município de Ijuí, por exemplo, no Instituto Municipal de Educação Assis Brasil (IMEAB, que mantém o Ensino Técnico Agrícola), e em algumas propriedades rurais.

           Foram instalados, também, modelos didáticos para o ensino de ciências em nossa Universidade. Um bom exemplar foi montado na mesma época que mostrou boa eficiência na produção do biogás. Nele utilizou-se o esterco como matéria orgânica. Um modelo simplificado foi testado mais recentemente, utilizando-se lixo úmido como matéria orgânica.

Realizamos entrevistas com um agricultor, Sr. Modesto Dalla Rosa, que reside na Vila Santo Antônio, no interior do município de Ijuí (RS), para obter informações sobre a instalação de um biodigestor em sua propriedade rural, e com o professor Hélio Bonadiman da área de Física da Unijuí, responsável pela instalação e monitoramento do biodigestor.

A fig. 3 e as fotos 5 e 6, apresentam três modelos de biodigestores:

 

Foto 5

 

 

O biodigestor mostrado na foto ao lado foi construído basicamente com fibra de vidro. O modelo procura contemplar as características específicas de uma propriedade rural: criação de animais para o aproveitamento do esterco processado como biofertilizante na lavoura e a utilização do biogás na propriedade.

 

 

Foto: Clarinês Hames

 

a)    biodigestão de esterco, com fins de uso do biogás na propriedade rural (foto 5);

     A instalação do biodigestor deu-se na década de oitenta, na tentativa de buscar formas alternativas de energia, no caso o gás metano. Entrou em funcionamento, produziu o biogás, que foi coletado e testado. Porém, devido a dificuldades técnicas em armazenar e envasar o gás em recipientes apropriados (cilindros de gás), o experimento foi abandonado, segundo contou-nos Modesto Dalla Rosa.

b) biodigestão de esterco, um modelo para fins didáticos (Fig. 3);

     O esquema que segue, elaborado pelo professor Hélio Bonadiman, representa o modelo didático de biodigestor produzido no Laboratório de Física da Unijuí. Para sua construção foram usados, basicamente, câmaras de ar comuns (de pneus) para acondicionar o esterco e o gás produzido.

 

Biodigestor de Câmara de Ar

Figura 3

Desenho de Hélio Bonadiman

 

Esse modelo foi desenvolvido também na década de 80, período em que havia amplos debates sobre a crise energética. Segundo depoimento do professor Bonadiman, durante o experimento houve a produção de gás metano, que foi detectado após 5 ou 6 dias de sua montagem (no verão). Colocou-se a biomassa (esterco) na câmara maior, na qual ocorriam os processos metabólicos da produção de gás. À medida que o gás era produzido, ia sendo borbulhado em água de cal contida nos dois vidros pequenos e então armazenado nas câmaras menores. A passagem pela água de cal permitia reter o gás carbônico (CO2) que também é produzido nesses processos. Com isso o gás metano (CH4(g)) obtido, mostrou-se adequado como combustível em bico de gás.

O experimento foi abandonado também por motivos técnicos, isto é, por dificuldades em armazenar e envasar o gás.

 c) biodigestão de lixo úmido, um processo muito simplificado, também com fins didáticos (Foto 6).

             Assim como na compostagem do lixo úmido, montamos um sistema de biodigestão ainda mais simplificado. Para isso, tentamos criar as condições anaeróbicas necessárias, utilizando restos de alimentos (cortados em partes pequenas), com boa quantidade de água e uma garrafa do tipo PET (foto 6). Verificou-se, já nas primeiras horas, a produção de gás, no qual foi identificado o CO2(g) pelo teste de água de cal. O processo continuou e foi acompanhado por 30 dias. Não foi possível detectar o gás metano pela combustão.

Foto 6

  A foto ao lado representa um possível biodigestor com fins didáticos utilizando lixo úmido como matéria-prima.
Foto:Denise Wunder

A compostagem e a biodigestão exigem um acompanhamento mais demorado após a preparação dos respectivos experimentos. Por isso, antes de darmos continuidade ao estudo da compostagem e da biodigestão, com o monitoramento dos processos, faremos alguns estudos sobre a porção de lixo seco.

 

ATIVIDADE 6:   DESCRIÇÃO DOS MATERIAIS ENCONTRADOS NA PORÇÃO DE LIXO SECO E SUA DESTINAÇÃO

 

        Na atividade 6 estamos propondo fazer uma descrição detalhada dos materiais encontrados na porção de lixo seco, separando-os conforme algum critério definido pelo grupo.

        Em nossas separações costuma-se encontrar os seguintes materiais: plásticos, vidros, latas, papéis, embalagens multicamada, lâmpadas, pilhas, entre outros. Discutir no grupo, quais outros materiais costumam ser jogados no lixo e que poderiam fazer parte dessa porção.

         Uma vez separado o lixo seco, podemos avançar na compreensão sobre a origem dos materiais que o compõem e qual sua destinação correta sob o ponto de vista ambiental e o possível reaproveitamento. Por isso vamos estudar um pouco mais.