RESÍDUOS SÓLIDOS SECOS

 

 

Na porção seca do lixo são encontrados, normalmente, grupos de materiais que identificamos como papéis, plásticos, vidros e metais. Esses materiais podem ser reutilizados e/ou reciclados e então reaproveitados na cadeia produtiva.

            Quando os materiais descartados no lixo não são separados adequadamente, poderão chegar sujos ou contaminados aos centros de triagem e reciclagem, diminuindo a sua qualidade e, às vezes, inviabilizando o seu re-processamento. A separação prévia no local onde os resíduos são produzidos tende a minimizar as perdas no reaproveitamento de materiais.

            Apresentamos, a seguir, grupos de materiais de largo reaproveitamento na cadeia produtiva, com algumas informações conforme Fichas Técnicas do CEMPRE, indicado aqui e os respectivos símbolos de chamada para a reciclagem, amplamente registrados em embalagens. Os três primeiros quadros – vidro, plástico e papel - apresentam materiais de grande presença nos resíduos sólidos para os quais já há boa tecnologia de reciclagem. Os demais quadros referem-se ao Alumínio e Aço.

 

VIDRO

     O vidro é um dos materiais mais antigos produzidos pela humanidade e vem sendo utilizado há mais de 4 mil anos. Para a produção do vidro comum, são utilizados areia, calcário, barrilha, feldspato e corantes, submetidas a temperaturas elevadas para que possam se fundir. É 100% reciclável, o que significa que 1 tonelada de vidro usada gera uma tonelada de vidro reciclado. Isso representa uma economia de 1300 kg de matéria prima em minérios e gasta 70% menos energia.

No Brasil, cerca de 35% das embalagens de vidro já são recicladas.

Em termos de permanência desse material, chamado vidro, estima-se que possa levar 5 mil anos para se decompor ou, mesmo, nunca se decompor nas condições ambientais.

 

PLÁSTICO

           O plástico é um material geralmente fabricado a partir de derivados de petróleo, constituindo-se nos chamados polímeros sintéticos. Em sua grande maioria é não biodegradável e possui a qualidade de resistência à umidade, aos produtos químicos e microrganismos, o que lhe dá muita durabilidade e impede a sua decomposição. Estima-se que demora centenas de anos para se decompor.

            Existem vários tipos de plásticos e, para auxiliar os catadores e recicladores na identificação, foi criado um sistema internacional de codificação que consiste em colocar, no centro do símbolo da reciclagem, um número (de 1 a 7), representando o tipo de resina utilizada como matéria-prima na sua produção. O quadro abaixo apresenta algumas informações, seguindo o sistema internacional de codificação de plásticos.

 

Quadro 1 - Codificação de Plásticos

Símbolo

Composição

Usos Comuns

PET – Politereftalato de etileno

Garrafas de refrigerantes e de água mineral.

PEAD – Polietileno de Alta Densidade

Baldes, bombonas, frascos de detergente e produtos de limpeza e higiene.

PVC – Policloreto de Vinila

Tubos de água e esgoto, lonas agrícolas, sacos de lixo.

PEBD – Polietileno de Baixa Densidade

Condutores para fios e cabos elétricos, embalagens de massas e biscoitos, lonas agrícolas, sacos de leite e lixo.

PP - Polipropileno

Copos de água mineral, embalagens de produtos de limpeza e higiene, potes de margarina, ráfia.

PS - Poliestireno

Isopor, copos descartáveis.

OUTROS

 

        Ao não se dar um destino adequado à grande variedade de plásticos, sérios problemas ambientais podem acontecer. A sua queima, por exemplo, traz sérios prejuízos às pessoas e ao ambiente, pois gera gases tóxicos, como na queima do policloreto de vinila (PVC), em que são lançados na atmosfera substâncias como as dioxinas, altamente tóxicas e mutagênicas.

        No Brasil são reciclados em torno de 15% dos plásticos produzidos, o que é pouco, pois uma reciclagem maior poderia economizar energia e petróleo, recursos naturais finitos. O plástico reciclado apresenta grande versatilidade em sua transformação, podendo ser convertido em tecidos, carpetes, mangueiras, cordas, sacos, peças para automóveis, entre outros.

 

PAPEL

 

O papel é produzido a partir de celulose, comumente retirada da madeira. Há outras fontes possíveis de celulose, pouco exploradas, como fibras de sisal, palha de arroz, bagaço de cana-de-açúcar, bambu.

            Segundo o Instituto de Pesquisa Tecnológica de São Paulo/CEMPRE, no Brasil, cerca de 80% da pasta celulósica[1] produzida provém da madeira, geralmente eucalipto e pinus.

No que diz respeito à reciclagem de papel no Brasil, aproveita-se cerca de 36% do papel de escritório (folhas de ofício, envelopes, revistas, etc) e 71% de papel ondulado (papelão). Para que possa ser reciclado, o papel não deve estar “sujo” ou contaminado com lixo úmido, cera, plásticos, terra, pedaços de madeira, clips, entre outros.

O papel demora, no mínimo, dois meses para se decompor, em condições adequadas para isso (na compostagem, por exemplo). Quando está armazenado em local seco e limpo, poderá ser conservado por séculos. Uma tonelada de papel reciclado poupa, em torno de, 22 árvores do corte, consome até 50% menos de energia, 98% menos água e representa uma poluição 74 % menor. 

A coleta de papel para a reciclagem é uma atividade em grande expansão no Brasil, o que possibilita a manutenção de muitas famílias excluídas de outras atividades econômicas. Uma vez coletado, além da reciclagem industrial, podemos, também, fazer a reciclagem artesanal do papel. Isso pode ser realizado por nós, para fins de aprendizagem.

 

ATIVIDADE 7:   RECICLAGEM ARTESANAL DO PAPEL

 

            Para a reciclagem artesanal do papel, rasgue algumas folhas em pedaços pequenos e deixe de molho em um recipiente com água de um dia para outro.

            No dia seguinte, colocar uma xícara desse papel no liquidificador com três xícaras de água. Acrescentar, também, 2 a 3 colheres de cola à base de PVAc (facilmente encontrada em livrarias) para cada 20 litros d’água, ou 1 colher de sopa de cola comumente utilizada para fixar papel de parede (encontrada em lojas de decoração) para cada 20 litros d’água. Bater bem até obter uma pasta. Despejar a mistura numa bacia e repetir a operação até obter meia bacia de pasta. Acrescentar algumas gotas de formol ou água sanitária, para que o papel não apodreça durante a secagem. Misturar bem. Em seguida, introduzir um molde de tela, conforme indicado nas fotos 7 e 8 (pode ser feito também com tule ou filó) em posição vertical na bacia, até deixá-lo no fundo, na posição horizontal. Trazer o molde até a superfície e esperar escorrer o excesso de água. Forrar a mesa com jornais velhos e sobre esses colocar panos ou toalhas absorventes, e, com cuidado, virar o molde com a folha formada sobre uma toalha ou pano absorvente, pressionando leve a tela, com o auxílio de uma esponja para retirar o excesso de água. A folha soltará da tela e deixará o molde livre para ser usado novamente.

                Pode-se intercalar várias folhas de papel reciclado, desde que estejam separadas com toalha ou tecido, para evitar a colagem entre elas. No final, coloque um peso sobre o papel e espere até o dia seguinte. Retire as toalhas e o papel estará praticamente seco. Pode-se estendê-lo num varal para completar e secagem.

 

SUGESTÕES:

-         Para obter um papel mais fino, acrescente mais água à mistura (pasta).

-         Pode-se adicionar corantes naturais para dar um toque diferente ao papel reciclado;

-         Se quiser gravar em relevo algum nome ou figura, coloque e pressione o molde sobre o papel antes de ser prensado.

A Escola Municipal Fundamental Tomé de Souza de Ijuí/RS realiza um trabalho de reciclagem artesanal do papel, conforme mostram as fotos abaixo:

 

 

Foto 7 Foto 8 Foto 9

Fotos: Clarinês Hames

 

Foto10 Foto 11

 Etapas da Reciclagem Artesanal do Papel – Oficina de reciclagem da Escola Municipal Fundamental Tomé de Souza
 

O projeto tem caráter estritamente pedagógico e se realiza através de oficinas nas quais os alunos reciclam o papel e confeccionam cadernos, porta-retratos, porta-canetas, cartões, entre outros. Na foto abaixo, são apresentados alguns cartões feitos a partir de papel reciclado.[2]

Foto 12

Outro grupo de materiais presente nos resíduos sólidos secos é constituído pelos metais. Podemos distinguir, facilmente, dois grandes subgrupos: os ferrosos, basicamente identificados como “ferro” e “aço”; e os não-ferrosos, que compreende metais como alumínio, cobre, zinco, chumbo e outros.

Em termos de quantidade, destacam-se o alumínio e os ferrosos, para os quais a coleta seletiva volta-se com especial atenção.

 

ALUMÍNIO

As latas de alumínio surgiram no mercado norte americano em 1963, e são usadas basicamente como embalagens de bebidas (refrigerantes, cerveja, sucos).

No Brasil, a coleta de latas de alumínio para a reciclagem é muito eficiente, sendo considerada a maior taxa mundial de reaproveitamento. No processo de reciclagem essas latas são derretidas e transformadas em lingotes de alumínio que entram no ciclo produtivo de latas, panelas, peças de automóveis e outros. O material pode ser reciclado muitas vezes sem perder suas características.

Uma lata de alumínio pode resistir 100 anos à ação do tempo e não sofre ataque de microrganismos. Reciclar uma tonelada de alumínio gasta 95 % menos de energia do que fabricar a mesma quantidade a partir do alumínio primário e também evita a extração de bauxita, o mineral usado para a fabricação de alumínio. Cada tonelada de metal exige cinco toneladas de minério de bauxita, que é um recurso natural não renovável.

AÇO

 

O grupo de materiais denominado genericamente aço compreende ligas à base de ferro. Entre os artefatos com esse material, temos as chamadas latas que compõem boa parte dos resíduos sólidos domésticos. Nelas são acondicionados alimentos, como óleo de cozinha, derivados do leite, conservas, compotas e outros. Essas latas são produzidas a partir das chamadas “folhas-de-flandres”, cujo material é de aço revestido por estanho ou cromo, que são metais mais nobres. Efetuada a reciclagem, pode-se produzir, novamente, folhas-de-flandres ou, então, aço não mais revestido com esses metais, podendo ser produzidas folhas de aço para a fabricação de latas utilizadas para acondicionar produtos não alimentícios, como tintas, solventes, óleos lubrificantes e outros.

O aço é um dos mais antigos materiais recicláveis. Na antigüidade, os soldados romanos recolhiam facas, escudos e espadas abandonadas nas trincheiras e os encaminhavam para a fabricação de novas armas.

            No Brasil são reciclados cerca de 35% das latas colocadas no mercado. Este processo economiza minério de ferro, energia e árvores, considerando que o carvão vegetal é usado como redutor do minério de ferro. As latas que não são recicladas enferrujam e em torno de quatro anos, em condições adequadas, se decompõem voltando ao estado de ferro oxidado, como o hidróxido de ferro.

           Os artefatos à base de aço têm uma propriedade peculiar que permite separá-los facilmente de outros resíduos. É sua a propriedade magnética que permite atraí-los por ação de eletroímãs, facilitando sua separação.

          O símbolo para estas embalagens mostra essa propriedade através de um desenho de ímã.

[1] Produto obtido após o processamento da madeira, que poderá ou não passar por processos de branqueamento, dependendo do tipo de papel que está sendo produzido.

[2] Endereço da Escola Municipal Fundamental Tomé de Souza:

Rua Norberto Milton Knebell, 230

Bairro Tomé de Souza. 98700-000  Ijuí/RS